sábado, 25 de outubro de 2008

O Cavalo Encantado

Em fins do século XVIII, viviam naquela rica região campesina inúmeros índios cavaleiros da tribo dos valentes Minuanos. Entre eles, havia o filho de um cacique, moço muito invejoso, chamado Jaguaretê-Piré (couro de tigre). Este índio amava apaixonadamente a linda e esquiva Poty-poran (Flor bela), amada , também, por Inhanca-Guará (cabeça de pássaro), a quem a mesma preferia. Roído de ciúmes e despeito, Jaguareté-Piré deliberou fazer uma emboscada ao seu rival para matá-lo. Assim, ao passar pela Lagoa Parobé, viu, no meio de uma quadrilha de baguais, um enorme cavalo de crinas prateadas, de um pêlo muito negro, luzidio e macio como veludo.
Fazendo menção de boleá-lo, o belo animal, a princípio tão arisco, parou subitamente. Após prendê-lo no laço, Jaguareté-Piré falou: "Agora sim, Poty-Poran há de querer-me, preferindo-me ao meu rival". E assim dizendo, meteu as rédeas no animal, colocou o lombo um couro de veado que lhe servia de sela e, cingindo a cabeça um capacete de penas de avestruz, montou o lindo bagual seguindo em direção ao acampamento de Poty-Poran.
Não tinha, porém, galopado meia quadra, quando o cavalo formou um salto, ou mais propriamente um vôo, e, fendendo os ares em direção à lagoa, atirou-se no meio dela, desaparecendo para sempre com o cavaleiro. Os índios da valente tribo guarani deram então à Lagoa Parobé o nome de Lagoa do Cavalo Encantado.
2
Bom final de semana!
222

sábado, 11 de outubro de 2008

Catxerê - a Mulher Estrela

Esta é a história de Catxerê, a mulher estrela, que desceu do céu, dormiu com o índio e ensinou os Craó a plantar e preparar o milho, batata, inhame, mandioca e amendoim.
2
Foi assim:
O último rapaz solteiro da tribo dormia sozinho, sobre a sua esteira, no pátio da aldeia. Uma estrela o viu lá de cima, e, condoída, resolveu casar com ele. Para isso, transformou-se em um sapo e, pula que pula, subiu em seu peito. O dorminhoco acordou assustado e, com um tapa, atirou-o no chão. Mas então o sapo virou formosa mulher e dormiu com o jovem.
Pela manhã, a cunhantã diminuiu de tamanho. Ficou tão pequenininha que pediu ao noivo que a guardasse na cumbuca que estava pendurada no fumeiro. Durante o dia, o índio tirou a cumbuca de lugar, destampou-a e sorriu para a moça que lá estava encerrada.
Quando saiu para caçar, recomendou que ninguém mexesse naquilo, mas a irmã dele, cheia de curiosidade, abriu-o e descobriu lá dentro a minúscula mulher.
Ao voltar, examinou o nó tradicional da sua tribo e compreendeu que alguém havia violado seu segredo. Zangado, declarou que viveria com Catxerê, como marido e mulher. Arrumou as suas camas dentro de casa. À noite, ele tirou a moça da cumbuca e Catxerê cresceu, tornando-se alta e bonita. Pela manhã foram banhar-se juntos no rio, e ela viu uma árvore grande, cheia de espigas, que os periquitos beliscavam. Catxerê ensinou então, aos Craó como se planta, colhe e prepara o milho, assim como a mandioca, o inhame e o amendoim, que até então não eram conhecidos, pelos indígenas que alimentavam-se de pau puba.
Mandou o rapaz fazer uma roça. Ensinou-lhe a derrubar com o facão, a carpir, a plantar. Depois disse: “Agora volto ao céu, onde vivem meus parentes, e trarei mudas de batata, inhame, mandioca, amendoim, para plantar na roça”. Logo depois voltou. Tudo foi plantado e os índios adotaram para sempre as plantas ali cultivadas.
Uma noite, porém, quando o índio andava a caça, apareceram em sua casa cinco homens que, sabendo de sua ausência, violentaram a mulher-estrela. Depois deitaram-se à dormir. Ela aproveitou o seu sono e cuspiu na boca de todos eles, matando-os. Os Craó davam grande importância mágica ao cuspe. Quando o marido voltou, contou-lhe tudo e subiu para o céu. E nunca mais voltou....
2
Inúmeras são as Deusas-Estrelas por nós conhecidas na mitologia. Nossa brasileirinha deusa Catxerê é uma divindade estrelar que nos desperta a criatividade e nos ajuda a perder o medo das mudanças.
2=2
Bom final de semana!